Quanto o sistema educacional brasileiro foi influenciado por Paulo Freire?

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A Teoria das Inteligências Múltiplas e sua desvalorização no sistema educacional brasileiro

A busca por soluções que valorizem todas as inteligências, para que assim, os educandos sejam realmente preparados para as suas vidas, para o mercado de trabalho e para o futuro, é o verdadeiro objetivo a se cumprir na educação.

É de conhecimento da maioria a existência de um teste, no qual se diz calcular a inteligência de uma pessoa: O teste de Quociente de Inteligência (QI). O primeiro teste de QI foi elaborado pelo psicólogo e pedagogo francês, Alfred Binet, em 1905. Seu método foi desenvolvido para solucionar um grande problema na época, que era poder identificar as crianças que necessitavam de ajuda na escola e evitar que mandassem elas aos manicômios -a solução praticada até então. Para isso, criou um modelo no qual seria medido através de uma pontuação. Utilizou a pontuação “100” como o desenvolvimento esperado para cada criança. Portanto, se uma criança com 10 anos  tivesse o mesmo desempenho que a maioria das crianças da sua idade, sua pontuação seria 100. Se o desempenho fosse acima, considerava-se sua idade mental acima do comum, pontuando 120 pontos, e abaixo, pontuando menos de 100 pontos.

Quando notaram que essa medida surtiu certo efeito, psicólogos e pedagogos passaram a discutir um modelo no qual fosse possível medir a pontuação intelectual de cada adulto. Foi então, no ano de 1939, que o psicólogo romeno, David Wechsler, criou o modelo utilizando estatística. Através desse modelo, que estatisticamente conclui-se que a maioria da população pesquisada figura entre o QI 85 a 115, e apenas 5% dessa mesma população figura acima dos 130 pontos e abaixo dos 75. Mas o que realmente esse teste avalia? Isso realmente mede a inteligência de alguém? O teste tem por objetivo avaliar as habilidades matemáticas, a capacidade de visualizar objetos no espaço, o raciocínio fluido, a memória de trabalho e o conhecimento basal. Para isso, o teste usa questões que avaliam essas aptidões. Porém, é realmente certo acreditarmos que um número define a capacidade intelectual de alguém?

Inúmeros pesquisadores, pedagogos e psicólogos passaram a defender que o teste, na verdade, só avalia as habilidades lógico-matemáticas e linguísticas. Há estudos apontando, que a motivação para fazer o teste, pode ser uma grande influência no resultado final. Por exemplo: Eu peço para que você, que está lendo esse texto agora, faça um teste de QI, sem mais nem menos. Só por fazer. Logo depois, peço que você faça novamente, mas agora vou lhe oferecer R$100,00. Essa motivação influenciaria seu novo teste?

Diversos estudiosos do tema passaram a debater o que de fato mede a inteligência. Alguns propuseram que, em um único fator, seria possível reconhecer todas as formas diferentes de inteligências que um indivíduo poderia desenvolver – o chamado “Fator G”. Outros, propuseram a existência de inúmeras inteligências, que se manifestavam de várias formas. Foi então, no ano de 1983, que surgiu através do psicólogo cognitivo e educacional, pesquisador e professor na universidade de Harvard nos Estados Unidos, Howard Gardner, a Teoria das Inteligências Múltiplas.

Howard Gardner. Reprodução: Internet

Reparando a sua volta, você já deve ter notado alguma pessoa com maior aptidão a atividades físicas, ou então, alguém que tem maior facilidade a atividades que envolvam desenhos, pinturas e ilustrações. Uma que tenha mais interesse em música, tem facilidade em tocar um instrumento musical, reconhecer as notas musicais, e outra, em resolver um problema de matemática. Alguém que se relaciona muito bem com todo mundo, já outro, é mais introvertido, porém muito melhor em identificar os tipos de plantas, árvores e animais que estão ao seu redor. E se eu te falar que todas essas pessoas são inteligentes? É isso que Gardner nos alerta, com sua teoria. Ele sustenta, que todos os indivíduos possuem 8 tipos diferentes de inteligências e que elas variam de pessoa para pessoa, mas que todas as inteligências são possíveis de serem desenvolvidas. O professor também afirma, que nenhuma inteligência é suplante as demais. Mas quais são as inteligências mencionadas pelo professor?

Para facilitar, trouxemos um breve resumo sobre cada uma delas:

Inteligência Lógico-matemática: Antes de ser desenvolvida a Teoria das Inteligências Múltiplas, a inteligência lógico-matemática era considerada a única forma de critério para inteligência. Hoje, sabemos que ela só é parte de uma das várias possibilidades de inteligências. É a habilidade para o raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. Tem por característica a capacidade de avaliar e confrontar objetos, discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Exemplo de profissões onde a inteligência é predominante: Cientistas, matemáticos, economistas, programadores, analistas de T.I, engenheiros, entre outros.

Inteligência Linguística: É o domínio da linguagem, seja ela escrita, gestual ou falada. Pessoas com maior grau de desenvolvimento nesta inteligência, têm maior facilidade no uso das palavras, desenvolver textos e fazer discursos. Quem demonstra ter mais sensibilidade para o significado das palavras, o som que elas emitem, são pessoas com maior desenvolvimento nessa inteligência, que pode ser estimulada desde criança. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Poetas, escritores, roteiristas, jornalistas, comunicadores, políticos, tradutores, entre outros.

Inteligência Intrapessoal: É a habilidade do autoconhecimento. Pessoas que possuem grau elevado nesta inteligência, demonstram maior capacidade em acessar seus próprios sentimentos e possuem uma imagem clara a respeito do que são. É a mais rara entre todas as inteligências, pois está ligada a capacidade de neutralização de vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida, autocontrole e domínio de causadores de estresse. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Profissões que possam expressar suas habilidades interiores, como músicos, poetas, artistas, escritores, entre outros.

Inteligência Interpessoal: É a habilidade de interpretar humores, temperamentos, palavras, gestos e expressões de outras pessoas. Tem capacidade de entender as intenções, os desejos e motivações dos outros. São pessoas com maior capacidade de empatia. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Educadores, psicólogos, terapeutas, advogados, políticos, religiosos, entre outros.

Inteligência Musical: Capacidade de reconhecimento em relação às várias nuances da música. Pessoas com maior desenvolvimento nesta inteligência possuem maior facilidade em diferenciar sons, notas, ritmos, tons e timbres. Possuem também a habilidade de compor e executar padrões musicais. Pode ser associada a outras inteligências, como linguística, espacial e corporal-cinestésica. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Músicos, compositores, maestros, críticos de música, entre outros.

Inteligência Naturalista: Está relacionada à percepção de questões ligadas à natureza como um todo. Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e padrões da natureza. Como reconhecer plantas, animais, minerais e vegetação. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Veterinários, ecologistas, biólogos, astrônomos, geólogos, entre outros.

Inteligência Espacial: É a habilidade de observar o mundo com uma perspectiva mais precisa do espaço ao redor, permitindo transformar, recriar experiências visuais sem ter estímulos físicos e modificar percepções. Ou seja, pessoas com esta habilidade já desenvolvida, têm facilidade em imaginar um local, não só da forma como ele é, mas também como poderia ser. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Arquitetos, designers, fotógrafos, cenógrafos, artistas, escultores, engenheiros, navegadores, entre outros.

Inteligência Corporal-cinestésica: Refere-se às habilidades do corpo, ou seja, tem maior facilidade em orquestrar e controlar os movimentos do corpo. Como os esportistas, os dançarinos ou até mesmo um cirurgião que precisa lidar com instrumentos de alta precisão. Exemplos de profissões onde a inteligência é predominante: Esportistas, médicos , cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, artistas cênicos e plásticos, marceneiros, artesãos, entre outros.

Ainda há uma nova inteligência a ser confirmada, que não foi mencionada na teoria de Howard Gardner, mas que resultaria no total de 9 inteligências. A chamada “Inteligência Existencial”. Porém, ainda carece de evidências. Acredita-se que ela abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais de existência. Como a característica de filósofos ou líderes espirituais.

Mas agora que você reconheceu todas essas inteligências, já se perguntou o porquê de nossa educação não desenvolver e valorizar todas elas? Nosso sistema educacional atual valoriza somente duas delas: A inteligência lógico-matemática e a inteligência linguística. Mas se notarmos acima, percebemos que diversas profissões tem por predominância as habilidades indicadas nas outras inteligências. Por que então, continuamos a exercer um modelo que privilegia somente duas das oito inteligências já evidenciadas?

Portanto, esse é nosso principal objetivo: Buscar soluções na educação que valorizem todas essas inteligências, para que assim, os educandos sejam realmente preparados para as suas vidas, para o mercado de trabalho e para o futuro.

 

 

About author

Gustavo é graduado em Gestão Comercial, com pós-graduação em Habilidades e Competências Socioemocionais na Educação Básica e pós-graduação em Gestão Escolar, todas as graduações pela Universidade Positivo do Paraná. É CEO da Icapiedu. Plataforma gamificada que utiliza de uma metodologia socioemocional para realizar diagnósticos nas escolas e fortalecer o protagonismo dos alunos que sofrem com o bullying no ambiente escolar. Por fim, é um entusiasta por uma educação nacional de qualidade e com a cara do Brasil.
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